Copa Africana das Nações: os primeiros tetracampeões e o retorno da África do Sul
- Érica Karina
- 22 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Nas últimas semanas estamos dedicando nossos encontros a falarmos da Copa Africana das Nações, desde sua criação em 1957, seus primeiros campeões e as equipes que compuseram e compõem este torneio. Em nosso último encontro vimos também que a década de 1970 foi marcada pela ascensão de campeões inéditos do torneio, como vimos a seleção de Gana marcar seu nome na história da competição ao se tornar a primeira equipe a sagrar-se tricampeã. Hoje, daremos um passo a mais na história do torneio e veremos a consagração de novos campeões, do mesmo modo que veremos velhos conhecidos levantarem a taça novamente e a volta de uma equipe que afastou-se por décadas da competição.
Ao adentrarmos a edição da Copa Africana das Nações na década de 1982 reencontramos uma conhecida campeã: Gana, que ao vencer nas penalidades a equipe da Líbia se torna a primeira tetracampeã do torneio, superando sua própria marca – quando tornou-se a primeira tricampeã da CAN. Contudo, apesar da seleção ganesa marcar seu nome na história do torneio, a década de 80 não fora dominado por ela, ao contrário, após vencer a CAN em 1982, os ganeses nunca mais venceram a competição. O próximo campeão que conheceríamos eram os camaroneses, que venceriam a Copa das Nações Africanas em 1984 e em 1988 e no ano de 1986 chegaram a disputar novamente a final, porém, foram superados pelos egípcios. Resultado esse que tornou a seleção do Egito tricampeã.
Na edição seguinte, em 1990, outra campeã inédita: a Argélia, após figurar em praticamente todas as semifinais da década anterior, os argelinos superam a seleção da Nigéria. Os anos de 1990 foram demasiados importantes tanto para a Copa Africana das Nações, quanto para a história do continente africano. A edição de 1992 contou com a expansão da competição, agora, eram doze equipes participantes, divididas em quatro grupos, sendo que as duas equipes melhores colocadas de cada grupo avançaria para a próxima fase. Neste ano, novamente teríamos uma campeã inédita: Costa do Marfim. Após a partida acabar em zero a zero, a final entre Costa do Marfim e Gana foi para a disputa nas penalidades máximas e após incríveis onze tentativas, os costa-marfinenses se tornam campeões e com um recorde, se tornam a primeira equipe a sagrarem-se campeões sem levar um único gol durante as cinco partidas disputadas.
A edição, seguinte em 1994, vencida pela Nigéria fora marcada pela dor que solidarizava todo o continente. No ano anterior, a seleção da Zâmbia fora atingida por um desastre aéreo no qual não houve sobreviventes, o acidente aconteceu enquanto os zambianos viajavam a Dacar, no Senegal, para jogo válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1994. Contudo, apesar da dor recente dos zambianos a equipe consegui chegar à final, porém, fora superada pelos nigerianos.
A vigésima edição do torneio, sediada na África do Sul era especial, fora a primeira vez que a equipe sul africana de fato participou a competição, mas principalmente, marcava o fim do Apartheid (1948-1994) regime separatista que imperava no país e entre tantas restrições, proibia também a formação de equipes multirraciais de futebol. Findado o regime separatista, os sul africanos sediaram a CAN em 1994, classificando-se para a final e, ao derrotarem a Tunísia conquistaram seu primeiro título.
Conhecidos como Bafanas Bafanas, os sul africanos chegaram novamente à final em 1998, na edição sediada em Burquina Fasso, porém, foram superados pelos egípcios pelo placar de 2 a 0. Edição essa que igualou o Egito aos ganeses como tetracampeões do torneio.
Em todos nossos encontros que falamos sobre a CAN procurei trazer informações, porém, na edição de hoje precisei expressar minha opinião. Não encontrei entre as fontes quaisquer notícias e/ou reportagens referentes ao assunto que tratem a edição da CAN de 1996 como especial, porém, a compreendo desta forma, pois a participação da África do Sul e a sede do torneio em seu país marcam a luta de um país e uma população contra a tirania e opressão impostas a africanos e sul africanos desde os tempos coloniais e que infelizmente ainda perduram.
A revista Aventuras na História, ao discutir como a política moldou a Copa Africana das Nações traz a reflexão de Araújo e Massari que salientam:
“O futebol é central no processo de descolonização e criação de identidade nacional"
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