Irã e a batalha para além das quatro linhas
- Futebol por Elas
- 23 de nov. de 2022
- 2 min de leitura
Com os olhos do mundo voltados à Copa do Mundo, os iranianos aproveitam a vitrine global para levar a campo não só o seu futebol, mas questões sociais relevantes. No Irã, país do Oriente Médio, as mulheres são impedidas de assistirem aos jogos de futebol masculino no estádio desde 1981. Essa lei foi firmada após a Revolução Islâmica, em 1979, usando o pretexto de que de acordo com as tradições islâmicas, devem existir limitações em relação aos espaços que podem ser frequentados por mulheres.
Antes da Revolução Islâmica, o Irã era considerado um país liberal, onde as imposições sobre as mulheres não eram tão rígidas. Hoje a situação é totalmente diferente. No dia 13 de setembro, Mahsa Amini, de apenas 22 anos, foi detida pela política de moralidade do Irã, a qual alegou que a jovem foi abordada por estar usando o seu hijab de forma inapropriada. Mahsa faleceu três dias depois devido aos ferimentos. Esse fato inflamou ainda mais as manifestações contra o regime de segregação de gênero que ocorre há tantos anos no país, e essa manifestações acabaram respingando nos jogos do Irã na Copa do Mundo.
Desde a Copa de 2018 na Rússia, e agora no Catar, as arquibancadas ocupadas pelas torcedoras iranianas se tornaram um retrato da luta pela igualdade de gênero. Há três anos, durante as eliminatórias para a Copa, as iranianas conquistaram o direito de assistirem ao jogo da sua seleção diretamente do estádio, fato que não acontecia há 38 anos. Esse foi apenas um passo na luta das mulheres, já que elas têm um longo caminho a percorrer e muitos outros direitos a conquistar, como por exemplo, o direito de escolherem em qual lugar do estádio querem sentar, já que o espaço das mulheres é delimitado e isolado.
Durante a partida entre Inglaterra e Irã, na última segunda-feira (21), muitos protestos puderam ser vistos no estádio Khalifa Internacional. As arquibancos estavam repletas de cartazes pedindo liberdade às mulheres e igualdade de gênero e os jogadores também protestaram durante o hino nacional, onde a seleção optou por ficar em silêncio.
O que podemos esperar agora (e torcer), é que a luta das iranianas tenha ainda mais efeito, não só relacionados ao futebol, mas aos direitos humanos.
escrito por Mayara Pirasol
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