Flamengo dribla o progresso e marca um gol contra o futebol feminino
- Mônica Figueiredo
- 25 de out.
- 2 min de leitura
A dois anos de receber a Copa do Mundo de Futebol Feminino, o Brasil vive um misto de sensações em relação ao futebol de mulheres. Ao mesmo tempo em que, no último sábado (18), o Corinthians Feminino se consagrou pela sexta vez campeã da América, provando ainda mais a hegemonia do futebol feminino brasileiro; o time de maior torcida em território nacional, anunciou a diminuição drástica de investimento na modalidade. Investimento este que já não era "lá essas coisas" pra um clube do tamanho do Flamengo.
Os cortes começaram pela área técnica com a saída de Rosana, comandante que chegou em abril na gávea e conseguiu levar o time as quartas de final do Brasileirão A1 após seis anos. Outras saídas são esperadas, já que, em nota, o Flamengo deixou claro que pretende usar a base nas competições da próxima temporada.
Para piorar ainda mais a imagem do time carioca, a jornalista Renata Mendonça, por meio do site Dibradoras, denunciou a estrutura fornecida ao time profissional do Flamengo Feminino. A equipe que até 2024 utilizava a estrutura do Centro de Treinamento da CEFAN, por meio de uma parceria do clube com a Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, passou a usar, com a gestão do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Centro de Futebol Zico (CFZ). O novo local, além de ter campo de treinamento com 20 metros a menos do que as medidas oficiais, possui uma estrutura precária, com vestiário apertados, porta sem fechadura, água suja saindo da torneira, um container usado como vestiário reserva, e ausência de sala de fisioterapia e academia.
O time mais rico do Brasil poderia escolher seguir o fluxo mundial e transformar -assim como o Corinthians fez-, o seu engajamento nas arquibancadas em impulso pro time feminino. Fazendo o investimento necessário para colher frutos, títulos e renda; no entanto, como um atacante que diante da possibilidade clara de gol decide voltar a bola pra defesa, o Flamengo escolheu retroceder.
Ao invés de falar sobre oferecer uma estrutura digna para a prática esportiva ou pensar em contratações de peso para transformar o time em uma equipe competitiva, na tentativa de lutar por títulos, ele se apequena e deixa claro o recado de que só mantém a modalidade feminina para cumprir os requisitos de obrigação da CBF e CONMEBOL nas competições masculinas.
Dentre as diversas escolhas que a equipe da Gávea poderia fazer, ela selecionou certamente a mais difícil: descer do pedestal do exemplo, reduzindo sua grandeza enquanto clube e ferramenta social ao preconceito, desrespeitando não só suas jogadoras e torcida, mas também todo o universo do futebol feminino. E é uma escolha, que muito em breve, o Flamengo irá se arrepender de feito.
foto destaque: reprodução/Dibradoras



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