Fantasma da terceira divisão assombra Schalke 04

Quarto maior campeão da Alemanha está na zona de repescagem da 2 Bundesliga

Vindo de quatro derrotas consecutivas, o pesadelo do Schalke 04 parece não ter fim. O quarto maior campeão alemão, com sete títulos, amarga a 16ª posição na tabela da 2ª divisão da Bundesliga e já causa preocupação na torcida.

Até o momento, 10 rodadas foram disputadas e os azuis reais só conseguiram somar sete pontos dos 30 possíveis. São sete derrotas, um empate e apenas duas vitórias na competição.

Além disso, a equipe divide a posição de defesa mais vazada com o Osnabruck (17°), cada um com 23 gols sofridos. O time, agora comandado por Karel Geraerts, só não tomou gol em um jogo da segundona.

E se na defesa as coisas não estão bem, lá na frente, a situação não é muito diferente. A equipe possui o 5° pior ataque da competição, com apenas 14 gols feitos (média de 1.4 por jogo).

Uma campanha que está gerando revolta na torcida. Na última partida contra o Karlsruhe, os Ultras do Schalke 04 recolheram as bandeiras e faixas e abandonaram o Wildparkstadion, em Karlsruhe, ainda no primeiro tempo, quando o time perdia por 2 a 0, e os torcedores que permaneceram no estádio cobraram os atletas ao final da partida.

Crise além de campo

É difícil explicar que um time que foi vice-campeão da Bundesliga na temporada 2017/18, cinco anos depois acumularia dois rebaixamentos para a segunda divisão e agora estaria na briga para não cair para a 3 Liga. É difícil, mas não é impossível.

A crise dos azuis reais não se restringe a falta de resultados dentro de campo. Crise financeira, escândalo nos bastidores, que envolvem até declarações racistas do ex-presidente e crise esportiva, com direito a jogador vestindo camisa do arquirrival, podem resumir o porquê o Schalke está nesta posição.

foto: Getty Images

Para entender um pouco é necessário voltar para 2019. O time, então presidido pelo empresário Clemens Tönnies, dono da maior rede de frigoríficos da Alemanha, vinha acumulando grandes feitos nacionais, conquistando três Copas da Alemanha e brigando sempre com o Bayern München pela ponta da Bundesliga. O problema é que, tomados pela empolgação, o time apostou alto em contratações que não renderam em campo, mas representaram uma parte significativa do rombo nas contas do clube.

Em 2019, os azuis reais anunciaram que tinham mais de 200 milhões de euros em dívidas. A crise piorou na pandemia. Clemens Tönnies, que estava afastado da equipe após proferir uma fala racista, viu um de seus frigoríficos ser palco de um surto de Covid-19.

Os problemas fizeram Tönnies renunciar ao cargo que ocupava há 19 anos. E assim, em meio a crise financeira e brigando para não cair, o Schalke perdia um de seus maiores investidores.

E as polêmicas não pararam. Em julho, o atacante Rabbi Matondo apareceu nas redes sociais fazendo exercícios com a camisa do Borussia Dortmund, maior rival do Schalke, causando grande alvoroço na torcida. O resultado disso tudo foi o rebaixamento na temporada 2020/21, terminando na lanterna do campeonato, com apenas 16 pontos marcados.

divulgação

A queda causou ainda mais prejuízos aos cofres e ficou pior quando o clube rescindiu o contrato com a gigante russa Gazprom, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.

O contrato de patrocínio com a empresa russa seria até 2025 e renderia 9 milhões de euros por ano ao clube alemão.

Mesmo assim, o time conseguiu retornar a elite de maneira imediata e em grande estilo, com a conquista do título da segundona na temporada 2021/2022. Porém a elite do futebol alemão não admite erros e a queda veio novamente.

A atual situação do Schalke ainda pode ficar mais desesperadora. De acordo com o jornal alemão, Bild, em caso de rebaixamento para a terceira divisão, pode ocorrer a dissociação de alguns departamentos, como o sub-23, feminino e basquete.

Os azuis reais entram em campo neste sábado (28) contra o Hannover 96.