Dia do Futebol: Silva, o sobrenome da rainha
- Futebol por Elas
- 10 de jul. de 2024
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Dois Riachos, Alagoas, 19 de fevereiro de 1986. Esse local e data entraram para a história do futebol mundial, pois foi nesse dia e cidade que a nossa rainha do futebol veio ao mundo. Marta Vieira da Silva, filha de família humilde, abandonada pelo pai com apenas um ano, quem poderia imaginar que ela se tornaria o símbolo de uma geração que começou a ver o futebol feminino brasileiro com outros olhos? Pois é, mas, apesar de tudo, ela virou uma das lendas do futebol mundial.
Dos campinhos alagoanos para o Brasil
Criada pela mãe Tereza da Silva, junto aos três irmãos, Ângela, José e Valdir, Marta encontrava na bola a esperança de um futuro melhor. Com uma infância humilde ao lado dos irmãos, a alagoana fugia da escola e via nos campinhos uma redenção.
O que era para ser apenas uma "brincadeira" de criança, ganhou novo capítulo quando Marta começou a jogar em uma escolinha de futsal. Em uma época onde o pensamento ainda era retrógrado, a pequena sonhadora treinava junto com os meninos. O talento diferenciado chamou a atenção e Marta disputou um torneio em Santana de Ipanema, porém, foi barrada por uma mudança no regulamento que proibia a participação de meninas.
Em 1999, Marta passou a jogar no Centro Esportivo Alagoano (CSA) e, aos 14 anos enfrentou o maior desafio: a saudade da família, após assinar o seu primeiro contrato profissional com o Vasco da Gama. No Gigante da Colina, a jogadora permaneceu por dois anos e conquistou seu primeiro título. Depois dos cariocas, foi a vez dos mineiros assistirem a futura rainha. O Santa Cruz (MG) foi casa da alagoana por duas temporadas, foi lá no clube que Marta ganhou destaque e começou a se projetar no futebol internacional, sendo alvo de muitos times europeus.
Europa e Seleção Brasileira
Em 2004, Marta embarcou para a Suécia, defendendo a camisa do Umea IK. Além de conquistar os suecos, a brasileira ainda abrilhantou os gramados durante a disputa da Seleção Brasileira feminina nas Olímpiadas de Atenas.
Pelo clube sueco, a nossa estrela conquistou seu primeiro prêmio como melhor do mundo da FIFA. A partir daí, a rainha não parou mais.
A medalha de ouro e a referência no futebol feminino
Com o Maracanã lotado, os brasileiros presenciaram a conquista da medalha de ouro no Pan-Americanos 2007 que foi disputado em solo brasileiro. Com a goleada por 5 a 0 - Marta (2), Cristiane (2) e Daniela Alves, o Brasil vencia os Estados Unidos e encaminhavam os anos de glória da amarelinha.
Embaladas com a conquista nos Jogos Pan-Americanos, a Seleção Brasileira feminina embarcou rumo a China, onde disputaria a Copa do Mundo feminina. No Mundial, viria mais uma campanha histórica, com Marta levando o Brasil à final, com uma derrota dolorosa para a Alemanha, em jogo em que a craque perdeu um pênalti. Ainda assim, Marta foi eleita de novo a melhor jogadora de futebol do mundo, muito por conta dos sete gols marcados nos seis jogos em seu segundo Mundial.
Em campo, Marta ainda defendeu as camisas dos times suecos: Tyreso FF e FC Rosengard; nos Estados Unidos teve passagens pelo Los Angeles, FC Gold Pride, Western New York Flash e Orlando Pride. Em solo brasileiro, ainda atuou pelo Santos.
Artilheira e o sonho de conquistar a Copa do Mundo

A rainha do futebol está marcando o seu nome na história do futebol feminino. Além das seis Ballon D'Or que foram conquistadas em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018, a alagoana ainda possui recordes importantes - sendo a maior artilheira da história das Copas do Mundo com 17 gols e maior artilheira da história da Seleção Brasileira com 122 gols.
Em sua carreira, Marta ainda tem duas medalhas de prata nas Olimpíadas (2004 e 2008); duas medalhas de Ouro nos Jogos Pan-Americanos (2003 e 2007); cinco Copas do Mundo disputadas (2003, 2007, 2011, 2015 e 2019); cinco Olimpíadas disputadas (2004, 2008, 2012, 2016 e 2021); dois títulos continentais (Libertadores 2009 e Liga dos Campeões 2003/04) e sete títulos de ligas nacionais (cinco na Suécia e dois nos Estados Unidos).
Em 2019, após a eliminação do Brasil diante da França na Copa do Mundo feminina, Marta deu um relato emocionante sobre a visibilidade da competição e a nova geração de jogadoras.
"É isso que peço para as meninas: não vai ter uma Marta para sempre, não vai ter uma Formiga para sempre, não vai ter uma Cristiane para sempre. O futebol feminino depende de vocês! Valorizem mais! (...) A gente tem de chorar no começo para sorrir no fim. Querer mais, se cuidar mais, estar pronta para jogar 90 minutos e mais 30"
Em março de 2024, Marta anunciou que irá se aposentar da Seleção Brasileira feminina após disputar as Olímpiadas nos Jogos de Paris. “Se eu for para a Olimpíada, vou curtir cada momento, porque, independentemente de ir ou não, esse é o meu último ano com a seleção”, disse em entrevista à CNN. A jogadora ainda completou que “a partir de 2025, não teremos mais Marta na seleção como atleta. Estou muito tranquila com isso, porque vejo com muito otimismo essa evolução que estamos tendo em relação às atletas jovens.”
A menina de Alagoas mostrou ao mundo que a mulher pode, deve e joga muito futebol. Ela sofreu preconceito na infância por jogar bola, ouviu que não era coisa de mulher, mas não desistiu. Ela foi à luta, fez dos seus pés sua armadura contra uma sociedade marcada pelo machismo.
O capítulo de uma história repleta de conquistas ganhará um novo enredo neste mês com a disputa das Olimpíadas.
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