top of page

Dia do Futebol: a genialidade de Telê Santana

Telê Santana foi um dos mais importantes treinadores da história do futebol brasileiro. Lembrado até hoje por treinar a equipe de 82 da Seleção Brasileira, que encantou o mundo com seu futebol envolvente, o treinador em 2019 ficou na 35º posição da lista de 50 maiores treinadores de futebol de todos os tempos publicada pela France Football, revista francesa. Telê foi o único brasileiro da lista.


Após encerrar a sua carreira como jogador, Telê começou a se aventurar fora das quatro linhas como comandante das equipes. Seu primeiro trabalho foi na categoria juvenil do Fluminense, levando a equipe ao título carioca de 1968. Na temporada seguinte foi promovido ao profissional, onde também foi campeão carioca e montou a base do time campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa do ano seguinte.


Telê dirigiu depois o Atlético Mineiro, sendo campeão do Campeonato Mineiro em 1970 e campeão do brasileiro em 1971. O seu próximo trabalho não durou muito tempo. O treinador transferiu-se para o São Paulo em 1973, mas por conflitos com Toninho Guerreiro e Paraná, ídolos do clube, acabou sendo afastado. Mas o destino reservava, num futuro, planos melhores. Enquanto esse tempo não chegava, Telê retornou ao Atlético Mineiro no mesmo ano e permaneceu até o segundo semestre de 1975. Em 1976 assumiu o comando do Botafogo, mas não alcançou as expectativas. E em setembro do mesmo ano, migrou para o Grêmio, ajudando o time a recuperar os dias de glórias no Campeonato Gaúcho. Foi contratado pelo Palmeiras em 1979 e no ano seguinte recebeu o convite para treinar a seleção brasileira.


Na Seleção Brasileira ficou marcado pela disputa da Copa do Mundo de 1982 com um time que encantou não só torcedores brasileiros, mas todos os demais. Um futebol envolvente, bonito e aclamado com Zico, Falcão e Sócrates. Há inclusive um documentário na Amazon Prime Vídeo, que traz um pouco sobre o que foi aquela seleção com direito a entrevistas com membros da equipe. Produzido em 2014, o Futebol Arte retrata o lendário time que por um viés do destino não conquistou o título sendo derrotado pela Itália. Em “Cruyff 14”, Johan Cruyff, um dos maiores jogadores de todos os tempos e também consagrado treinador, não poupou elogios ao colega de profissão.


"Aquele homem tinha a honra de haver treinado o Brasil no mundial de 1982. A eliminação daquele esplêndido plantel pela Itália me fez pensar na derrota contra a Alemanha em 1974. Mais além do que o êxito italiano, o que perdurou foi o futebol do Brasil, e os nomes dos seus fantásticos centro-campistas: Zico, Sócrates, Falcão e Cerezo"

Em 1983 foi para a Arábia Saudita treinar o Al-Ahli. E mesmo vinculado com o clube retornou a seleção em 1985, com liberação apenas para os jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986. Entretanto, em dezembro do mesmo ano, rescindiu seu contrato e assumiu o comando da amarelinha para a Copa de 1986. Nesse retorno, valorizou a experiência com jogadores da última competição. A seleção mais uma vez não alcançou o feito de campeão e foi eliminada, de forma invicta, na disputa de pênaltis contra a França. Após esse acontecimento, Telê foi tachado de “pé-frio” por alguns membros da imprensa brasileira.


Depois de sua passagem pela seleção, retornou em 1987 para o Atlético Mineiro, assumiu na sequência o Flamengo, mas acabou entregando o cargo por conta de discussões com Renato Gaúcho, com quem não tinha boa relação desde a Copa de 86 - quando o cortou do time por chegar atrasado à concentração. Na sequência, passou novamente pelo Fluminense até retornar ao Palmeiras.


Em 12 de outubro de 1990, assumiu o comando do São Paulo. E dessa vez, encontrou-se no tricolor e no comando viveu seus melhores momentos como técnico. Apostando no talento de Raí, Cafú, Leonardo entre outros chegou até a final do Campeonato Brasileiro e ficou com o vice-campeonato frente ao Corinthians. Na temporada seguinte, com o time mais entrosado não ficou no quase e sagrou-se campeão do Brasileiro. Meses depois, novamente frente ao Corinthians, levou a melhor e também conquistou o Paulistão. Com essa conquista tornou-se o único treinador a ter conquistado os quatro principais campeonatos dos estaduais: Paulista, Carioca, Mineiro e Gaúcho.


Em 1992 conquistou a América com o tricolor vencendo o Newell’s Old Boys na disputa de pênaltis. Em dezembro, viajou para o Japão onde de virada por 2 a 1 bateu o Barcelona e conquistou o Mundial de Clubes de 1992. E citando novamente a autobiografia “Cruyff 14”, Johan Cruyff disse.


“Nesse dezembro perdemos a Copa Intercontinental contra o São Paulo por 2-1. É uma das poucas vezes que não tive problema com a derrota. Sempre admirei o treinador Telê Santana pela sua visão, porque sempre demonstrava um autêntico amor pelo futebol”

Antes de partir para o Japão, o time havia vencido o primeiro jogo da final do Paulistão contra o Palmeiras e na volta faturou também o segundo jogo sagrando-se campeão mais uma vez da competição. Neste mesmo ano foi premiado como o melhor treinador da América do Sul de 1992.


Em 1993, Telê protagonizou seu ano mais vitorioso conquistando uma quádrupla coroa internacional sendo até os dias atuais o único treinador a realizar tal feito. A Copa Libertadores veio por meio do placar agregado por 5 a 2 contra o Universidad Católica. A conquista seguinte foi a Recopa Sul-Americana vencida nos pênaltis contra o Cruzeiro. Foi campeão da Supercopa da Libertadores vencida também nos pênaltis, o adversário dessa vez foi o Flamengo. E em dezembro, conquistou o bicampeonato mundial pelo tricolor vencendo o Milan por 3 a 2. A torcida são-paulina passou a chama-lo de “mestre”.


Em janeiro de 1996, sofreu uma isquemia cerebral e precisou abandonar o futebol. Tentou voltar no ano seguinte, mas com a saúde ainda debilitada não conseguiu. Em 21 de janeiro de 2006, depois de um tempo internado por conta de uma infecção intestinal que acabou desencadeando uma série de outros problemas, Telê faleceu em Belo Horizonte.


Telê Santana sempre será lembrado, assim como a sua seleção de 82 que mesmo não tendo sido campeã jamais será esquecida. Telê transcendeu o básico do futebol: ganhar ou perder. Mostrou-nos o futebol em sua melhor vertente, em sua mais adorável essência. Resgatou o sentimento de contemplar um futebol bem jogado, onde não bastava apenas vencer... Era preciso encantar:


“Não basta vencer, não! Tem que jogar bem! Às vezes até não ganhando, mas jogando bem me satisfaz. E às vezes, jogando mal e ganhando não me satisfaz.” (Telê Santana)

escrito por Stephany Locatelli

Comments


Futebol por Elas

  • Instagram
  • Facebook
  • X
  • LinkedIn
  • YouTube

©2024 por Futebol por Elas. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page