Champions League: Porto surpreende em 2004
- Andressa Souza
- 28 de jan.
- 3 min de leitura
A história gloriosa do Porto na Champions League 2003-2004 começou a ser escrita em 2002, quando o clube apostou em um nome ainda pouco conhecido: José Mourinho. Vindo de trabalhos discretos no Benfica e no União de Leiria, o jovem treinador chegou com promessas ousadas e uma fome insaciável por vitórias.
Ao lado de Mourinho, desembarcava no Dragão um parceiro conhecido: Derlei, atacante com quem havia trabalhado anteriormente. Essa dupla seria parte essencial de uma engrenagem que, aos poucos, transformaria o Porto em uma máquina de conquistas.
Logo na primeira temporada, o trabalho do novo técnico começou a render frutos. O Porto conquistou a Primeira Liga, a Taça de Portugal e, coroando o ano, venceu a Taça da UEFA. O aviso estava dado: os Dragões estavam prontos para alçar voos ainda maiores.
Na temporada seguinte, o foco se voltou para o maior palco do futebol europeu: a Champions League. A caminhada, no entanto, não começou da forma mais inspiradora. O Porto estreou com um empate fora de casa contra o Partizan, e na segunda rodada foi derrotado por 3 a 1 pelo poderoso Real Madrid, mesmo tendo saído na frente com um gol de Costinha.
Mas a virada viria. Com vitórias consecutivas sobre o Marseille (duas vezes) e sobre o Partizan, os Dragões se recuperaram e garantiram vaga na próxima fase. O empate por 1 a 1 com o Real Madrid na última rodada apenas confirmou o crescimento da equipe.
Nas oitavas de final, o desafio era o Manchester United de Van Nistelrooy, Giggs e Scholes. Com um futebol corajoso, o Porto venceu por 2 a 1 no Estádio do Dragão. No jogo de volta, em Old Trafford, o empate veio nos minutos finais, mais uma vez com Costinha sendo decisivo. A classificação foi selada, e Mourinho corria pela lateral do campo comemorando como quem sabia que aquele era só o começo.
Nas quartas, o adversário era o Lyon, de Diarra e Juninho Pernambucano. O Porto foi impecável no primeiro jogo: 2 a 0. No jogo de volta, o empate por 2 a 2 selou o passaporte para a semifinal.
O obstáculo seguinte era o surpreendente Deportivo La Coruña, que havia eliminado o Milan com um inesquecível 4 a 0 após perder o jogo de ida por 4 a 1. A semifinal foi dura. No primeiro duelo, um empate sem gols. No jogo de volta, Derlei brilhou e marcou o gol que colocou o Porto na final da Champions League pela primeira vez em 17 anos.
O dia 26 de maio de 2004, em Gelsenkirchen, na Alemanha, foi o palco de um dos maiores feitos da história do futebol português. O Porto enfrentava o Monaco, outro time surpresa com técnico jovem, uma final inesperada, sem os tradicionais favoritos.
Enquanto o Monaco parecia travado, o Porto mostrava maturidade, confiança e um futebol tático de altíssimo nível. Com uma defesa sólida, liderada por Ricardo Carvalho e protegida pelo experiente Vítor Baía, o time português não deu chances ao adversário.
No ataque, a eficiência fez a diferença. Carlos Alberto, Deco e Alenichev marcaram os gols da goleada por 3 a 0. O título era incontestável. O Porto era o campeão europeu.
Aquele título não apenas consagrou José Mourinho como um dos grandes técnicos do futebol mundial, mas também eternizou o nome de jogadores como Deco, Derlei, Ricardo Carvalho e Costinha. Era a vitória de um projeto ousado, de uma equipe equilibrada, e de um treinador que acreditou desde o primeiro dia.
O Porto de 2004 entrou para a história como um símbolo de que, com planejamento, coragem e talento, é possível desafiar os gigantes e vencê-los.
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