Champions League: a inesquecível conquista do Steaua Bucaresti em 1986
- Futebol por Elas
- 10 de jan.
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Na edição de 1985-86 da Taça dos Clubes Campeões Europeus, o mundo assistiu à maior zebra da história da competição. O Steaua Bucaresti, da Romênia comunista, venceu o poderoso Barcelona e conquistou um título que desafiou o equilíbrio de forças do futebol europeu, dominado por clubes do oeste.
A campanha épica começou com 32 clubes, 60 jogos disputados, 187 gols marcados e terminou em 7 de maio de 1986, em Sevilha, com um herói improvável debaixo das traves: Helmut Duckadam, o “Herói de Sevilha”.
O Steaua era comandado por Emerich Jenei, um técnico experiente e respeitado na Romênia. Com um time formado quase inteiramente por jogadores locais, muitos servindo também ao exército — como era comum em clubes do bloco socialista — o clube entrou desacreditado, mas mostrou força desde o início.
O primeiro adversário foi o Vejle BK, da Dinamarca. No jogo de ida, empate em 1 a 1, com gols de Bernett para os dinamarqueses e Radu II para o Steaua. Na volta, em Bucareste, a equipe deslanchou: 4 a 1, com gols de Pițurcă, Bölöni, Balint e Stoica. Simonsen marcou para os visitantes.
O próximo adversário era o Honvéd, da Hungria, um time forte da época com destaque para Lajos Détári, que inclusive marcou o único gol do jogo de ida (1 a 0). Porém, na volta, o Steaua repetiu o placar elástico: 4 a 1, com gols de Pițurcă, Lăcătuș, Majearu, e mais um gol de Détári, agora insuficiente.
Contra o Kuusysi Lahti, da Finlândia, o Steaua teve dificuldade. O primeiro jogo terminou 0 a 0, mas em casa, Pițurcă marcou o gol solitário da vitória e da classificação para a semifinal.
O Anderlecht, da Bélgica, tinha jogadores talentosos como Enzo Scifo, que marcou na vitória por 1 a 0 no jogo de ida. Mas em Bucareste, o Steaua mostrou força: 3 a 0, com dois gols de Pițurcă e um de Gabi Balint, carimbando a vaga para a final.
A grande decisão foi realizada no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha, no dia 7 de maio de 1986. O rival era o Barcelona, que jogava “em casa”, com mais de 70 mil torcedores culés presentes. O time catalão, treinado por Terry Venables, contava com craques como Víctor Muñoz, Urbano Ortega, e o goleiro alemão Urruti.
Durante os 90 minutos e a prorrogação, o Barcelona pressionou, mas encontrou um Steaua extremamente disciplinado e compacto. O jogo terminou 0 a 0, levando a decisão para os pênaltis.
Foi então que Helmut Duckadam entrou para a história. O goleiro romeno defendeu quatro cobranças consecutivas — de José Ramón Alexanko, Ángel Pedraza, Pichi Alonso e Marcos Alonso — um feito jamais repetido em uma final de Liga dos Campeões. Enquanto isso, Lăcătuș e Balint converteram suas cobranças, garantindo a vitória por 2 a 0.
Um título que ultrapassou as quatro linhas
A conquista do Steaua Bucaresti foi histórica por diversos motivos:
Foi o primeiro e único clube do Leste Europeu a vencer a Taça dos Campeões.
Os jogadores foram recebidos como heróis pelo governo comunista de Nicolae Ceaușescu.
O clube foi ligado diretamente ao Exército romeno, muitos atletas eram oficialmente soldados.
Duckadam, o herói da final, teve a carreira interrompida por um problema de saúde logo após a glória.
Curiosidade final: O nome “Steaua” significa “estrela”, e naquele dia, sob o céu de Sevilha, foi ela que brilhou mais forte.
escrito por Ritieli Moura
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