Tim Howard: o goleiro que defendeu mais do que gols
- Éllen Gerber
- 4 de abr. de 2021
- 2 min de leitura
Você provavelmente se lembra da extraordinária atuação do goleiro norte-americano Tim Howard, que se destacou na Copa do Mundo de 2014 ao realizar impressionantes 16 defesas na partida contra a forte seleção da Bélgica. Mesmo com a eliminação dos Estados Unidos, ele ganhou os holofotes e entrou para a história como o jogador com o maior número de defesas em uma única partida do torneio desde 1966. Estamos falando de Timothy Matthew Howard, nascido em 6 de março de 1979, nos Estados Unidos.
Apesar de também praticar basquete, sua trajetória no futebol começou em 1997, no North Jersey Imperials. Pouco tempo depois, seu talento chamou a atenção do Manchester United, que o contratou em 2003. Pelo clube inglês, Howard conquistou uma Copa da Liga Inglesa e uma Supercopa da Inglaterra. No entanto, à medida que sua visibilidade aumentava, também se tornava mais evidente sua luta pessoal: desde os 11 anos, o goleiro convivia com a Síndrome de Tourette, um transtorno neurológico caracterizado, em muitos casos, por tiques motores e vocais involuntários. Infelizmente, parte da torcida e da imprensa chegou a atribuir suas falhas à condição, subestimando sua capacidade e alimentando o preconceito.
Após a chegada de Van der Sar ao Manchester, Howard foi emprestado ao Everton, onde se tornou ídolo ao longo de uma década. Lá, foi vice-campeão da Copa da Inglaterra na temporada 2008/2009. Posteriormente, defendeu o Colorado Rapids por três anos e, mesmo após anunciar sua aposentadoria em 2019, segue atuando pelo Memphis 901 FC. Pela seleção norte-americana, conquistou três edições da Copa Ouro da CONCACAF e foi eleito o melhor goleiro da Copa das Confederações de 2009.
Tim Howard é um verdadeiro exemplo de superação e resistência. Mesmo sendo portador de uma síndrome que, embora relativamente comum, exige cuidados como terapia, técnicas de relaxamento e, em alguns casos, o uso de antipsicóticos, ainda sem cura definitiva, ele nunca abaixou a cabeça diante do preconceito. Enfrentando dificuldades de autoaceitação e olhares de dúvida por conta dos tiques e espasmos, Howard lutou por seu espaço e mostrou que era tão capaz quanto qualquer outro jogador de ocupar a posição que conquistou com esforço.
Na escola, ele se sentia ansioso e inquieto, muitas vezes pedindo para sair da sala de aula. Mas no futebol, era diferente. Como ele mesmo declarou: “Nada disso importava desde que eu não deixasse a bola atravessar a linha e bater na rede. O campo era um lugar onde eu me sentia livre para ser eu mesmo. Era um porto seguro. E o melhor remédio que eu poderia ter tomado.” Tim inclusive revelou que evitava o uso de medicamentos por receio dos efeitos colaterais e de possíveis complicações com o antidoping.
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