Semana do Treinador: Espinosa, campeão mundial e especialista em quebras de jejum
- Bárbara Jardim
- 13 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Nascido em 17 de outubro de 1947 em Porto Alegre, Valdir Espinosa iniciou sua carreira como jogador ainda nas categorias de base do Grêmio e permaneceu no time principal, onde atuou como lateral. Após defender o Tricolor Gaúcho por mais de 200 jogos, Espinosa passou por clubes como CSA, CRB, Vitória e Esportivo e totalizou oito anos de atividade como atleta.
A carreira de treinador
Ainda enquanto atuava como jogador pelo CRB, Espinosa chegou a assumir a posição de técnico, durante um período de recuperação de saúde do treinador principal. A rápida experiência, no entanto, foi encarada apenas como um favor. Espinosa não via a carreira de treinador como uma possível profissão. Após aposentar-se como jogador, sonhava mesmo em se afastar dos gramados e iniciar no ramo de venda de móveis.
A coragem para arriscar na nova profissão veio do convite do diretor do Esportivo de Bento Gonçalves, clube no qual se aposentou como atleta, e da promessa de que teria toda ajuda necessária na função. A aposta deu certo, o Esportivo fez uma excelente campanha e foi vice-campeão gaúcho.
Em 1980, Valdir Espinosa chegou no Grêmio como auxiliar técnico e assumiu brevemente a posição de treinador. Em 1982, retornou para assumir o comando do Tricolor e conquistar dois títulos inéditos que seriam os maiores do clube e de sua trajetória como treinador, a Libertadores da América e o Mundial.
Valdir Espinosa via inutilidade em combater-se força com força. Seu estilo de jogo era ofensivo, mas sua proposta envolvia criatividade. Valorizava o trabalho de bola e o ritmo de jogo controlado, com passes curtos e marcação sólida. O técnico enxergava a importância de ter uma equipe equilibrada e não ajustava apenas o desempenho coletivo, mas também otimizava o rendimento individual de cada jogador. No Grêmio, fez questão de importantes contratações, como Mário Sérgio e Renato Gaúcho.
Valdir valorizava o emocional dos atletas e sempre viu importância em ter um relacionamento próximo e aberto com aqueles que integravam seus elencos.
“Desenvolvi um trabalho no aspecto tático, físico e emocional, para que pudesse vencer. Não adianta ser bom e emocionalmente não estar preparado, achando que sozinho vai resolver”
Para Espinosa, enquanto sua passagem pelo Grêmio representou a conquista de um sonho, no Cerro Porteño e no Botafogo, ela foi o fim de um pesadelo. No clube paraguaio, conseguiu encerrar o jejum de nove anos sem títulos, ao conquistar o campeonato nacional. Já no Botafogo, acabou com a seca de 21 anos, ao garantir o título estadual.
A relação com Renato Gaúcho

Foi no Esportivo que Espinosa conheceu Renato Portaluppi. O ponta destacava-se nas categorias de base e foi uma grande aposta do treinador, que o lançou no time profissional e mais tarde, no comando do Grêmio, indicou a contratação do jogador. A parceria continuou mesmo após a aposentadoria de Renato como atleta.
Ambos trabalharam juntos na parte técnica em clubes como Vasco, Fluminense e também no próprio Tricolor Gaúcho, onde unidos, conquistaram o título de 2016 na Copa do Brasil.
Luto no futebol
Em fevereiro de 2020, o mundo perdia Valdir Espinosa. O então gerente de futebol estava com 72 anos de idade e dizia ainda sentir-se jovem. Em atividade no Botafogo, enfrentava problemas de saúde e não resistiu a complicações de uma cirurgia na região do estômago. Sua trajetória vitoriosa fica registrada na história dos clubes pelos quais passou e no coração dos atletas que ajudou a transformar.
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