Futebol também é "coisa de índio"
- Mônica Figueiredo
- 19 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
Pacaembu. 23 de maio de 2012. Corinthians e Vasco disputam a vaga para a grande final da Copa Libertadores daquele ano. O confronto vai se encaminhando para os prorrogação, até que, após um escanteio batido por Alex, aos 42 do segundo tempo, a garra do povo Xucuru faz Paulinho subir mais alto que os adversários e colocar a bola no fundo das redes. Era o gol de alma indígena e coração alvinegro para fazer vibrar mais de 30 milhões de loucos.
José Paulo Bezerra Maciel Junior, o Paulinho, é natural de São Paulo, No entanto, é descendente da tribo Xucuru de Ororubá, localizada na cidade de Pesqueira, agreste de Pernambuco.
Em entrevista à revista esportiva Panenka, em 2018, o atleta falou das suas origens.
"Minha avó era descendente de índios. Ela tinha alguns vestígios dos índios. Na verdade, meu pai também os tem. Parece muito com um índio. Ele é pernambucano. Mas eu só tive contato com meu pai até os oito anos de idade. Quem me criou foi meu padrasto, Marcos, a quem também chamo pai”, conta Paulinho
Outra tribo que os corintianos tem muito a agradecer é ao povo Xucuru Kariri, de Alagoas. Foi dessa aldeia que saiu José Sátiro do Nascimento, o Índio, lateral-direito alvinegro que conquistou os títulos paulistas de 1999 e 2001, o bicampeonato brasileiro de 1998 e 1999 e o Mundial de Clube de 2000, diante da equipe do Vasco.
Filho de cacique, Índio saiu da tribo para a base do Vitória, na Bahia, logo em seguida recebeu a oportunidade de integrar a base alvinegra em São Paulo. O atleta ainda tem passagem por outras equipes brasileiras e pela Seleção Brasileira sub-20 de 1999.
Em 2022, índio retornou a sua aldeia e hoje ensina futebol às crianças da tribo.
E se é para falar do sangue dos povos originários que faz pulsar as veias do futebol, não tinha como deixar ele de fora: o anjo das pernas tortas. Apesar do assunto ainda gerar questionamentos.
Manoel Francisco dos Santos, ou para os amantes do esporte bretão apenas Mané Garrincha, é sem dúvidas um dos maiores nomes do futebol brasileiro. Ídolo botafoguense, a genialidade de Garrincha ajudou a conduzir a seleção canarinha por duas vezes ao topo do futebol mundial, em 1958 e 1962, sendo essencial na segunda conquista. No entanto, se com a bola no pé, a habilidade do anjo das pernas tortas é indiscutível, a sua origem divide opiniões.
Garrincha nasceu no Rio de Janeiro, mas é descendente direto do povo Fulni-ô de Alagoas e Pernambuco. Isso porque seu pai, Amaro Francisco dos Santos, pertencia a tribo, mas migrou, aos 26 anos, para o estado carioca em busca de melhores condições de vida.
Ao contrário de muitos grupos, nos quais a árvore genealógica pode determinar sua etnia, a Fulni-ô possui regras mais rígidas sobre o assunto. Assim, de acordo com o site Povos Indígenas no Brasil, do Instituto Socioambiental, Mané Garrincha só poderia ser considerado indígena se tivesse passado por alguns rituais da aldeia, como o ritual sagrado de Ouricuri e falar a língua nativa yaathe.
Mesmo não se encaixando nos critérios, para a sociedade não indígena Mané Garrincha segue sendo considerado o mais famoso índio do futebol.
Confira mais alguns jogadores com origem indígena
1- Edison Cavani
2- Luiz Diaz
3- Marcelo Salas
4- Juan Ramirez
5- Rogério
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