Leônidas: a bicicleta e o reconhecimento
- Éllen Gerber
- 14 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Um gol de bicicleta é de maravilhar qualquer adepto ao futebol e foi por meio deste homem que o mundo, no início do século XX, tomou conhecimento da jogada que, hoje, acreditamos ter sido executada pela primeira vez por Ramón Unzaga.
Leônidas da Silva nasceu em 6 de setembro de 1913, Rio de Janeiro, e foi por volta dos 13 anos que começou a dar os seus primeiros passos no esporte pelo São Cristóvão. Passou também pelo Syrio e Libanez e em 1930, no Bonsucesso, assinou seu primeiro contrato.
Seleção verde-amarela
A primeira convocação para a Seleção Brasileira aconteceu em 1932, onde Leônidas se destacou com dois gols que garantiram a vitória pela Copa Rio Branco. Sua atuação impressionou e logo despertou o interesse de clubes estrangeiros.
Marcou presença na Copa de 1934 e seu gol foi o único da nossa seleção, que teve uma participação pífia naquele mundial.
Balançou a rede oito vezes na Copa do Mundo de 1938, (recebendo a honraria de artilheiro e melhor jogador da competição), Os feitos foram suficientes para que, pela primeira vez, um jogador brasileiro fosse destaque e reconhecido mundialmente, ainda que o Brasil não tenha se sagrado campeão.
O primeiro jogador garoto propaganda
Aproveitando o auge do jogador, a Lacta resolveu nomear o chocolate mais vendido de Diamante Negro (apelido do jogador). Um produto que conhecemos até os dias atuais.
Este feito abriu as portas para que Leônidas fosse estampado em diversas outras marcas. Nascia aí, provavelmente, o primeiro grande nome na publicidade do futebol brasileiro.
Trajetória por clubes
Após sua atuação brilhante na Copa Rio Branco em 1932, o craque assinou com o Peñarol, onde teve uma curta passagem por causa de uma lesão. Retornou ao Brasil e de 1934 a 1941, defendeu as camisas de clubes cariocas sendo Vasco da Gama, Botafogo e Flamengo consecutivamente (tendo conquistado um campeonato estadual em cada um deles e ainda um torneio aberto de futebol do Rio de Janeiro pelo Flamengo), onde também rolaram polêmicas por causa de declarações sobre time do coração, participação em propagandas e até mesmo a sua prisão pela falsificação de atestado de reservista para com o Exército.
Em 1942, após uma movimentação monetária astronômica para a época, inicia-se sua história com o Tricolor Paulista, clube pelo qual Diamante Negro conquistou 13 títulos (destaque para cinco estaduais) e sagrou-se ídolo. Defendeu essa camisa por oito anos dentro das quatro linhas e fora dela por mais cinco. Além dos títulos coletivos ainda recebeu vários prêmios individuais importantes para a época.
Adeus, lenda!
Em janeiro de 2004, aos 90 anos de idade e por conta do mal de Alzheimer, o mundo se despedia de Leônidas: o "homem borracha", o eterno "diamante negro". Sua importância na história é gigantesca. Historiadores ainda associam sua imagem à popularização do Flamengo e grandeza do São Paulo.
"Esse homem de borracha, na terra ou no ar, possui o dom diabólico de controlar a bola em qualquer lugar, desferindo chutes violentos quando menos se espera . [...] Quando Leônidas faz um gol, pensa-se estar sonhando. Esfregam-se os olhos. Leônidas é a magia negra!" - Raymond Thourmagen
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